Lo que est? sucediendo en este momento en Corea del Norte es una situaci?n muy delicada. Sucesivas amenezas colocam en riesgo las relaciones exteriores con muchos pa?ses. ?sia vive un momento dif?cil. Lea el siguiente art?culo y usted saque sus propias conclusiones (el texto est? en Portugu?s). A?n cuando en otros pa?ses hay tambi?n serios conflictos (por ej. Siria), esta situaci?n de Corea del Norte centra la atenci?n por la envergadura que puede tener si se concretizan las amenzas del pa?s asi?tico, porque se coloca en juego posibles armas de largo alcance o hasta bombas nucleares (Rcl).
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/04/130404_coreia_analise_pai.shtml
Nenhum lugar do mundo ? como a Coreia do Norte, e nada se assemelha ? sua ret?rica.
Acompanho a propaganda pol?tica de Pyongyang desde os anos 1960. ? uma tarefa deprimente, avivada por um estranho sorriso ir?nico.
A maioria da prosa de Pyongyang ? pesada e estridente. Bravatas e hip?rboles, al?m de idolatria, s?o recursos comuns, exaltando ou amea?ando incessantemente.
Na era da internet, qualquer um – exceto na Coreia do Sul, que absurdamente imp?e vetos – pode ler essas falas, se tiver paci?ncia. A KCNA, ag?ncia noticiosa oficial da Coreia do Norte e o jornal di?rio do partido,?Rodong Sinmun, est?o online, em ingl?s e em outras l?nguas.
A leitura atenta desses textos abre um universo paralelo – e uma c?psula do tempo. O?Pyongyang Times?de hoje se parece ao dos anos 1960.
Ret?rica x amea?as
Ou seja, h? continuidade – mas tamb?m mudan?a. Nos ?ltimos 16 meses, desde que Kim Jong-un se tornou l?der, ap?s a morte de seu pai, Kim Jong-il, a Coreia do Norte elevou sua ret?rica.
Insultos, ? claro, t?m sido constantes. A Coreia do Sul j? amadureceu o suficente para super?-los, mas durante anos os dois lados se chamaram entre si de marionetes ou coisas piores.
No entanto, amea?as diretas eram raras.
Em abril de 1994, durante a primeira crise nuclear, um enviado do Norte causou choque quando, durante di?logos intercoreanos, amea?ou transformar Seul, a capital do Sul, em um «mar de fogo». Isso passou dos limites, e o enviado foi supostamente demitido.
Por?m, sob o governo de Kim Jong-un, e sobretudo neste ano, frases extravagantes como essa se tornaram lugar-comum.
O?Pyongyang Times?inclui mat?rias com dizeres como: «Unidades do KPA (Ex?rcito do Povo Coreano) em compasso de espera, destruindo alvos»; «Queime os inimigos at? as cinzas»; «Adolescentes prometem se unir ao Ex?rcito».
Come?aram tamb?m amea?as tolas de ataques nucleares aos EUA (os norte-coreanos n?o conseguem alcan?ar os EUA e sabem disso).
Essas hip?rboles costumavam ser restritas a Kim Myong-chol, tido como o porta-voz da Coreia do Norte no Jap?o. Alegre pessoalmente, Kim ? conhecido por suas falas raivosas – em 2006, chegou a dizer que «a guerra est? chegando ao solo americano».
Mas a pr?pria imprensa de Pyongyang nunca falou assim, at? agora. Ser? que Kim Jong-un contratou Kim Myong-chol?
Ret?rica sem precedentes
N?o h? precedentes para a ret?rica recente (momento em que o governo norte-coreano disse ter aprovado eventuais ataques nucleares contra os EUA e advertiu embaixadas a retirarem seus diplomatas de Pyongyang). Em um claro exagero, as falas lembram as campanhas do ano passado para vilanizar Lee Myung-bak, ent?o presidente da Coreia do Sul, chamado pelo Norte de traidor e marionete dos EUA.
No in?cio do ano passado, a KCNA divulgou manchetes como «Vamos cortar a traqueia do bando de ratos liderado por Lee Myung-bak!».
O pretexto, falso como sempre, era de que Lee havia supostamente desrespeitado Kim Jong-il ap?s sua morte.
A KCNA dizia que milh?es de norte-coreanos irados estavam loucos para marchar ao sul para matar Lee – e tr?s gera??es de sua fam?lia, s? por garantia -, sob slogans como «sangue por sangue».
Tudo isso era t?o excessivo que havia medo, assim como h? hoje, de como terminaria. Mas terminou.
Em meados de 2012, a ret?rica anti-Lee deu lugar a cr?ticas mais impessoais, minimizando o que havia se intensificado.
Menos feitos, mais palavras
A mudan?a de tom n?o deixa d?vidas de que se trata do trabalho de Kim Jong-un.
O «comunicado especial» de 30 mar?o, em que o pa?s diz que «a partir deste momento, as rela??es Norte-Sul ser?o colocadas em estado de guerra» advertia: «Saibam que, na era do marechal Kim Jong-un, o maior comandante j? visto, tudo ser? diferente do que era no passado».
A descri??o «maior comandante j? visto» deve causar estranheza para muitos. Com a imaturidade da juventude, zero de experi?ncia militar, ser? ele maior do que seu av? Kim Il-sung, que lutou contra o Jap?o?
Claro que n?o. Mas Kim Jong-un tem que provar seu valor. Na aus?ncia de feitos, ele tem que compensar com palavras.
Ser? que as palavras de guerra resultar?o em algo real? Esse ? o risco, e ? preciso ser vigilante.
Mas acho que as amea?as di?rias de Pyongyang s?o uma fantasia. O cumprimento de alguma delas seria um suic?dio.
Kim Jong-un desfruta de seus confortos; ele n?o tem anseios de m?rtir. Est? se divertindo como um garoto, como um jovem jogando videogame, apesar de estar brincando com fogo.
Uma pista negligenciada pode ser uma reuni?o militar ocorrida em 28 de mar?o. Na ocasi?o, Kim Jong-un fez um «discurso hist?rico», segundo a KCNA, mas nenhum detalhe foi mencionado, s? o de que n?o foi «um encontro de opera??es militares».
Os presentes eram autoridades de comunica??o de todos os setores do Ex?rcito.
Ent?o, quem ? que a Coreia do Norte est? mobilizando de fato? Seus propagandistas, cujo trabalho ? fazer briga de palavras, e n?o briga real. Acho isso reconfortante.
Eles falam grosso, mas, com alguma sorte, ? provavelmente o mais longe que ir?o.